quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Depois Daquela Viagem - Valéria Polizzi

"Pra começar; deixe me apresentar. Meu nome é valéria, tenho 23 anos, altura média, magra, morena, cabelos pretos e lisos. Neta de italianos, filha de pais separados, pertecente à classe média alta. Como você pode ver, uma pessoa comum, ou pelo menos é assim que eu gostaria de ser vista. E tenho certeza de que assim todos me veriam, não fosse um pequeno detalhe: sou HIV positivo. Sabe o que isto significa? É isto aí, tenho o vírus da AIS. Assustou? Não me diga que teve vontade de largar este livro e ir correndo desinfetar as mãos, com medo de ser contaminado. Tudo bem, não precisa entrar em pânico, não é assim que se pega.Pode até ler de novo: A-I-DS, AIDS! Viu? Não aconteceu nada. Ainda que eu estivesse aí do seu lado, você pegasse na minha mão, me desse um beijo e um abraço e dissesse "muito prazer", eu responderia "o prazer foi todo meu", e isso não lhe causaria dano algum.
Podemos continuar? Então, continuemos. Você deve estar se erguntando agora como foi que isto aconteceu e aposto que deve estar imaginando que eu sou promíscua, uso drogas e, se fosse homem, era gay. Lamento informar que não é nada disso e, mesmo que fosse, não viria ao caso. Mas acontece que eu era virgem, nunca tinha usado drogas e obviamente não sou gay. O que aconteceu então? É simples, tansei sem camisinha." Trecho do livro Depois Daquela Viagem, de Valéria Piassa Polizzi.
Gente, depois do último post, resolvi dar uma maneirada aqui e postar esse trecho que sempre achei ótimo, desde a primeira vez que li o livro. E ainda tinha sido pro colégio, faz muito tempo! Se puderem, leiam! Se não, fiquem com esse pedacinho delicioso, trágico e que faz um super alerta. Valéria foi a primeira mulher que pegou HIV por meio de relação sexual. Até então achava-se que isso não acontecia... Que AIDS era doença de gay e viciados. Hoje em dia achamos que lésbicas não pegam, cuidado: não é bem assim...

"Todo dia é dia, e tudo em nome do amor!"

Existem assuntos que não se acabam. E acho que não se acabarão tão cedo! Afinal de contas, há mais de 3.000 anos que se fala em camisinha... Aonde? Em pinturas dos egípcios! É, eles inventaram tantas coisas e nessa onda de invenções vieram também a depilação e a camisinha. Nenhum dos dois, obviamente, como são conhecidos hoje em dia.
Depois de séculos e séculos, a camisinha começou a ser fabricada para a prevenção da Sífilis, pelo anatomista Italiano Gabrielle Fallopius. O problema é que a camisinha era usada mesmo para prevenir a gravidez... Mas, aliás, ainda é assim. Não é, rapaziada?
Pois é, pois é... Infelizmente, ou não, apareceu a AIDS. E foi aí que o artigo que caía em desuso (depois da descoberta da pílula) voltou a aparecer pelas cidades de todo o mundo.
Os heterossexuais passaram a usá-la para prevenir-se das doenças e da gravidez; os homossexuais masculinos ("gays") começaram a se prevenir com o uso dessa ajuda extra (afinal de contas um homem passivo tem as mais altas chances de ser contaminado); e as mulheres homossexuais? Elas, bebê, elas não tiveram apoio algum e até hoje sabem oh: sabem nada (ok, ok... algumas sabem algo!).
Complicado, não é? A questão é que existiu uma campanha de conscientização maciça em relação aos gays e hoje eles são o segundo grupo atingido (lembrando que ainda existem os que estão sendo contaminados, então: continue com a camisinha em mãos... E na hora H, em outro lugar!)
A campanha com heterossexuais foi intensa, embora até hoje deixe a desejar. Eles são o primeiro grupo de infectados.
E as lésbicas? E a gente, meninas? A gente nada. A gente ficou pra trás e está aí estampado o resultado: embora a dificuldade de transmissão seja grande ela existe e as mocinhas andam cada vez mais por aí, disseminando doenças (É, Bebé! Ou você achava que só existia o HIV? Pois pode pesquisar - use o Google! - e veja: HPV, Sífilis, Hepatites, e até mesmo cândida).
A maior desculpa - e a maior mentira - vem da eterna Confiança. Ô gente! Se eu pudesse desmoralizar essa daí, no quesito sexo, eu tirava ela da alta.
A gente tem uma mania de achar que não! Comigo isso não acontece! Eu sou foda demais! Eu conquistei ela pra sempre, eu sei disso! Ô gente...! E na primeira transa já vai metendo os dedos, as bocas, os dildos supercompartilhados, e todo o resto de possibilidades, sem nenhum tipo de proteção. Acontece que por mais que exista - dessa vez - um verdadeiro amor... E nas últimas? Com quantas pessoas sua parceira fez sexo e oh: shhhhh... Contou NADA pra você?
Triste falar desse jeito, gente, é... Mas a questão é que a gente tem que se prevenir!
É difícil e existem até mesmo algumas formas de não se usar camisinha (fazer um teste assim que decidirem não usar mais proteções. Continuarem usando camisinha/etc até depois de três meses - em um namoro monogâmico - repetirem o exame. Aí sim, haverá um resultado mais próximo a realidade. Mas não esqueçam de repetir o teste de três em três meses!), mas sinceramente... Querem uma dica? Usem sempre algum tipo de preservativo.
...Depois de aceitar a idéia de usar a tão falada proteção, vem uma parte que muitas de nós considera a pior: COMO falar sobre isso com a parceira?
Gente, só tem uma forma de falar: falando.
Claro que você pode ser mais delicada... Procure um texto legal e mandem pra ela. Deixem ela ver que você está lendo o livro Depois Daquela Viagem... Enfins, existem muitas formas e possibilidades.
Mas sendo super necessário, é uma coisa válida, não acha?

Bem, gente, gostaria que o assunto acabasse por aqui. O problema é que existem pessoas que não estão muito aí. Meninas heterossexuais (principalmente as mais novas) reclamam muito sobre isso: se elas não lembram, o parceiro se aproveita disso. E gente, a RESPONSABILIDADE sobre o uso da camisinha é de vocês dois /duas! Porque tanto você quanto ELA/E serão PREVENIDOS.
Então, se o carinha, ou a guria, está enrolando dizendo que não curte, que tem alergia, ou sempre esquece e o peso cai todo sobre as suas costas: caia fora. Por mais que exista o amor, o carinho e tudo: esse é um sinal bem claro sobre o tipo de cuidado que a pessoa tem com você.
Fique esperta.

Fonte que me ajudou a escrever sobre a história camisinha:
http://www.terra.com.br/saude/especiais/sexoseguro/curiosidades_historia.htm